segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

"O Catalina é uma canoa..."

O CATALINA É UMA CANOA

Recebi do meu genro,Coronel Aviador Rômulo Figueiredo,a letra de uma música sobre o Catalina,que era cantada entre os oficiais da aeronautica que serviam na Amazônia.

Uma paródia da música “Desencontro de Primavera”, de autoria de Hermes de Aquino, feita pelo Cel Int Aer (Res) Cremildo Ferreira CARDOSO, conhecido na FAB, principalmente em Belém, onde serviu muitos anos, por seu espírito criativo e artístico-musical:

“Quem já viajou de Catalina sabe /Que p’ra fugir da rotina, / Quando ele sobe faz frio, /Quando desce, que calorão! /Por dentro parece um navio, / Por fora parece um avião. /Ele foi feito p’ra paz e p’ra guerra. / Pousa na água e também pousa em terra. / Traz na cauda a inscrição:/ ‘Devagar, mas chego lá’. / É do Primeiro Esquadrão de Belém, / de Belém do Pará. /Ai! o Catalina é uma canoa. / Se a gente insiste, o bicho voa. /Vai devagar, mas chega lá. / Ai! Se ele balança, a gente enjoa. /Saio da cauda e vou p’ra proa, / Senão também vou enjoar. /Ah!, Ah!, Ah!, Ah!”



Se clicar neste link vai abrir o YouTube com a versão da musica que os pilotos se basearam para encaixar a letra.

Ao escutar, vá lendo a letra da musica e vc vai curtir a musica dos pilotos do CATALINA.

 http://www.youtube.com/watch?v=YgZTGMeFcXk 

Aos meus seguidores informo que depois de um longo período afastado por razões diversas,inclusive,de saúde,estou voltando a escrever aqui no blog.





AVIÃO CATALINA PBY

No último dia do ano de 2012,pousou no Aeroporto Internacional Augusto Severo,um avião CATALINA que estava sendo trasladado da África do Sul para a Califórnia/USA. Se destinava a um colecionador americano de aeronaves antigas.
Esse avião permaneceu em Natal/RN durante dois dias, o que me deu a oportunidade de visitá-lo e relembrar a época que fui aviador civil, quando tive oportunidade de pilotar um modelo semelhante.
O CATALINA,foi projetado em 1935 pela Consolidated Vultee dos  Estados Unidos e fabricado pela Boeing do Canadá.
É uma bela aeronave,muito segura,que foi usada na 2ªGuerra Mundial,e aqui em Natal, ficavam ancoradas na foz do rio Potengi,em frente à Rampa,ao lado do que hoje é o Iate Clube.

CATALINA é um bimotor,de asa alta,com as seguintes medidas:comprimento da fuselagem: 19 metros e 52 centímetros,comprimento da asa: 31 metros e 72 centímetros,peso vazio: 7.974 kilos,velocidade: 314 kilômetros por hora,raio de ação:4.030 kilômetros.
A tripulação é composta por dois pilotos e um mecânico de voo.Nos modêlos anteriores a guerra,se usava um radioperador,o qual foi substituído por modernos sistemas de comunicação que dispensava os serviços desse tripulante.
No final da guerra,os CATALINAS deixados pela Marinha Americana em Natal,foram leiloados pela AERO GERAL para serem utilizados como aviões cargueiro na rota Natal/Santos.
A  Aerogeral era uma firma fundada em Natal em 1947 e existiu até 1952, quando foi vendida à VARIG que por sua vez,cedeu os CATALINAS  à Força Aérea Brasileira para serem utilizados na Amazônia.



 


terça-feira, 16 de agosto de 2011

FABRÍCIO PEDROZA

Fabrício-o vaqueiro
Homem que mereceu todo nosso respeito e admiração. 
Pela sua presença física, se fazia notar em qualquer lugar que chegasse; apesar de ter sido educado na Inglaterra, mantinha íntimos seus hábitos adquiridos na convivência com o ambiente rural, participando sempre das vaquejadas onde se destacava como grande “puxador”.
 Fazendeiro, empresário, praticante de tênis e das atividades aerodesportiva.

Culver Cadet


Pilotava todos os modelos de avião que o clube possuía, a sua preferência, no entanto, era pelo ‘Culver Cadet’, um modelo avançado para época e que no Brasil só existiam dois, um no Rio de Janeiro (Aeroclube do Brasil), e outro em Natal.

Mantinha uma pista de pouso muito bem cuidada na sua Fazenda São Joaquim, no município de São Romão (hoje Fernando Pedrosa) para onde voava nos finais de semana.

Lá no Aeroclube Fabrício era o meu ‘guru’.

Apesar de não ser instrutor, ensinou a muitos de nós os primeiros passos da navegação aérea. Fui um dos que se beneficiaram dos seus conhecimentos.

Terminei o curso no final de 1944 e durante o período entre o vôo solo e o exame para receber a licença, a nossa turma intensificava o treinamento, inclusive o de navegação, que seria exigido no exame final do curso. Com a colaboração de Fabrício, usávamos o campo de pouso da Fazenda São Joaquim.
Foi lá que fiz o meu primeiro vôo visual de navegação. Uma experiência inesquecível.


Na véspera estive na casa dele aqui em Natal, onde recebi todas as instruções para o nível que me encontrava. Abrimos o mapa do Rio Grande do Norte, traçamos uma reta entre Natal e a Fazenda São Joaquim.

 Usando um transferidor especial conferi o grau, anotei tudo na agenda, os pontos de referência de um lado e do outro da rota, inclusive, a altitude de segurança que deveria usar naquele vôo. 
Aprovado pelo “mestre”, tudo ficou esclarecido, ele sempre enfatizando as alternativas para um pouso em emergência.    

Na manhã seguinte, bem cedo, decolei de Parnamirim-Field, usando um Piper Cub, iniciando o vôo. Tudo aconteceu como o previsto, e cheguei ao destino onde Fabrício já me esperava. (Ele havia decolado antes, usando o avião Culver Cadet muito mais veloz do que o Piper).
Para mim aquele vôo foi à realização de um sonho, e que muito me ajudou na vida profissional enquanto fui aviador.

Nunca esqueci um fato que mostra uma característica da personalidade de Fabrício. As reuniões matinais no hangar que ele participava, eram sempre bem movimentadas e descontraídas, num ambiente de muita cordialidade. 

Estávamos lá nos preparando para mais um treinamento, quando veio em nossa direção um oficial da Força Aérea Americana,bastante afobado, tentando se expressar em nosso idioma.
 Fabrício adiantou-se para atendê-lo já sabendo do que se tratava.
 O cara reclamava falando mais com as mãos do que com palavras, tentando dizer que os nossos aviões estavam atrapalhando o intenso tráfego aéreo dos aviões americanos. Depois de um tempo, Fabrício com toda calma e gentileza, dirigiu-se ao gringo em voz baixa, num inglês britânico:

“You can speak in English, please”

Diante disso, o gringo desapontou-se, encerrou a conversa, entrou no jipe e arrancou cantando pneus.
Fabrício voltou-se para nós com um ar de riso e nos deu instruções para mudarmos de pista onde estávamos treinando.

Guardo daquele período da minha vida as melhores recordações, quando se praticava uma aviação romântica e das amizades de qualidade ali adquiridas, onde Fabrício Pedrosa tinha o seu lugar em destaque.

***

sábado, 6 de agosto de 2011

OSCAR TRIGUEIRO DANTAS
Quando o conheci já estava aí pelos 45 anos de idade, morando na Fazenda Bancos, de sua propriedade, na época, município de São Paulo do Potengi. Era um homenzarrão de 1,80, pesando uns 90 quilos, pele branca, olhos claros, pouco cabelo, muita energia e mobilidade nos movimentos. Falava alto e trazia sempre um pouco de humor quando se expressava.
Fundou a Fazenda Bancos, especialmente para plantar algodão. Naquele tempo era um bom negócio, o algodão estava em alta e ele era um gigante para trabalhar.
 Investiu pesado nas instalações da fazenda e sempre conseguia uma boa produção da lavoura que cultivava.
Colheita de algodão na fazenda - Aecio

  
Com origem no clã dos Dantas de São José de Mipibú, trouxe para aquela região agresteira os seus hábitos de “senhor de engenho” do vale do Trairi; por ser bom de garfo sempre tinha uma mesa farta.
Para locomoção não dispensava uma boa montaria e o seu burro chamado Chapuri, um muar cardão, de porte avantajado com sete palmos de altura, para dar conta de transportar os seus 90 quilos de peso e atender os caprichos do cavaleiro.
Marchador, adestrado por ele próprio, que era um mestre no ofício.
Apesar de Oscar demonstrar satisfação com a Fazenda Bancos, ele vivia falando que um dia iria adquirir o ENGENHO SÃO LUIZ DO DEDO, em pleno centro do vale de São José de Mipibu.

Rugendas-Moinho de Cana de Açucar

Quando o momento surgiu, ele não perdeu a oportunidade, vendeu a Fazenda ao comerciante de algodão Sr. Ermílio Toscano de Brito e comprou o engenho da sua paixão.
Creio que encerrou aí a sua vida de homem do campo. Quanto ao burro Chapuri que o acompanhou por longos anos, era muito nobre para ir transportar cana do eito para o engenho; certamente ficou disponível na cocheira até que aparecesse um cigano para negociar, pois já havia chegado à hora de ser substituído por um Jeep.
Oscar Trigueiro Dantas uma simpática figura que marcou presença no ambiente rural do agreste potiguar e da zona de açucareira.



Figuras obtidas no Google